sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Epilepsia infantil, convulsões febris e risco posterior de TDAH


De acordo com um artigo da Revista de Neurología, a epilepsia é uma das causas mais frequentes de consulta em neurologia pediátrica e sua prevalência na população em geral é estimada de 2,7 a 40 a cada 1.000 habitantes. Fernando Mulas et al., autores do artigo, relatam que em crianças e adolescentes com epilepsia, se encontrou comorbilidades frequentes com vários problemas psiquiátricos, como o autismo, depressão e ansiedade, embora seja mais frequentemente o transtorno por déficit de atenção/hiperatividade (TDAH); os estudos situam a prevalência de TDAH em 30-40% dos pacientes com epilepsia.
Ademais, de acordo com vários estudos, há um 6,1-30% das crianças diagnosticadas com TDAH que apresentam registros eletroencefalográficos e problemas de epilepsia. Embora que prevalência de TDAH em crianças com epilepsia é mais alta que na população em geral (12-17% de acordo com estudos).
Os autores argumentam que várias hipóteses têm sido postuladas sobre os fatores que podem explicar a ocorrência mais frequente de epilepsia e TDAH, entre as quais mencionam que a epilepsia e TDAH compartilham uma vulnerabilidade neurobiológica subjacente; a existência de fatores genéticos comuns e interação com fatores ambientais, incluindo os psicossociais; e os efeitos em longo prazo das crises epilépticas, gravidade do tipo de epilepsia, atividade epileptiforme subclínica e efeitos colaterais dos medicamentos antiepilépticos.
Por sua vez, Elin Næs Bertelsen et al., realizaram uma investigação publicada em Pediatrics, na qual estudaram a relação entre epilepsia, convulsões febris e TDAH, já que são afecções do sistema nervoso central e compartilham fatores de risco comuns.
O objetivo da equipe foi examinar a associação em um estudo de cohorte nacional da Dinamarca, com acompanhamento prospectivo e ajuste por fatores de confusão selecionados, sugerindo que a epilepsia e as convulsões febris estão associadas com TDAH subsequente.
Para isso, seguiram até o ano de 2012 a uma cohorte populacional de todas as crianças nascidas na Dinamarca entre 1990 e 2007. Calcularam as razoes de taxas de incidência (RTI) e intervalos de confiança de 95% (IC 95%) para o TDAH mediante uma análise de regressão Cox, comparando crianças com epilepsia e convulsões febris com aquelas sem essas afecções, ajustado para fatores de risco socioeconômicos e perinatais, bem como por antecedentes familiares de alterações neurológicas e psiquiátricas.
A equipe seguiu um total de 906.379 indivíduos durante 22 anos (10 milhões de pessoas-ano de observação); 21.079 indivíduos desenvolveram TDAH. As crianças com epilepsia apresentaram uma RTI de TDAH com ajuste completo de 2,72 (IC 95% 2,53 - 2,91) em comparação com as crianças sem epilepsia.
Em forma similar, em crianças com convulsões febris, a RTI de TDAH com ajuste completo de 1,28 (IC 95% 1,20 - 1,35). Em indivíduos tanto com epilepsia como convulsões febris, a RTI de TDAH com ajuste completo foi de 3,22 (IC 95% 2,72 - 3,83).
Assim, Bertelsen e seus colegas concluem que seus resultados indicam uma forte associação entre epilepsia infantil e, em menor grau, convulsões febris e posterior desenvolvimento de TDAH, mesmo após o ajuste por fatores de risco socioeconômicos e perinatais e antecedentes familiares de epilepsia, convulsões febris ou transtornos psiquiátricos.
Referências:
Elin Næs Bertelsen et al, Childhood Epilepsy, Febrile Seizures, and Subsequent Risk of ADHD. Pediatrics. July 2016
Fernando Mulas et al, Manejo farmacológico del trastorno por déficit de atención/hiperactividad con metilfenidato y atomoxetina en un contexto de epilepsia. Revista de Neurología. 2014; 58 (Supl 1): S43-S49
Fonte: Medcenter Medical News


terça-feira, 2 de agosto de 2016

Câmara aprova política nacional para pacientes com doenças raras no SUS


 
O projeto obriga o Ministério da Saúde a fornecer medicamentos para o tratamento de doenças graves e raras, ainda que eles não constem na relação de remédios disponibilizados gratuitamente pelo SUS
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou hoje o projeto que cria a Política Nacional para Doenças Raras no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta define como doença rara aquela que afeta até 65 em cada 100 mil pessoas (PL 1606/11).
Como tramita em caráter conclusivo, a proposta poderá ser remetida diretamente para o Senado, exceto se houver recurso para que o Plenário da Câmara também analise o texto.
Pelo projeto, essa política deverá ser implantada em até três anos, tanto na esfera nacional, como na estadual e na municipal, com o objetivo de estabelecer uma Rede Nacional de Cuidados ao Paciente com Doença Rara. A proposta estabelece as competências de cada um dos entes federativos (municípios, estados e União) na execução da política.
O projeto obriga o Ministério da Saúde a fornecer medicamentos para o tratamento de doenças graves e raras, ainda que eles não constem na relação de remédios disponibilizados gratuitamente pelo SUS.
Prazo para valer
O relator na CCJ, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), fez apenas uma mudança: suprimiu o prazo de 90 dias dado pela proposta original para que o Executivo regulamentasse a nova lei.
Ele argumentou que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que é nula toda norma que venha a impor prazo para que outro poder execute atribuição de sua exclusiva competência, como a de regulamentar leis. “Com isso a proposta segue sem prejuízos, e esperamos que o governo regulamente a medida no menor prazo possível”, disse.
Atenção básica e especializada
A política será implementada tanto na chamada atenção básica à saúde, quanto na atenção especializada.
Na atenção básica (Unidades Básicas de Saúde e Núcleo de Apoio à Saúde da Família) serão identificados os indivíduos com problemas relacionados a anomalias congênitas, erros inatos do metabolismo, doenças geneticamente determinadas e doenças raras não genéticas. A ideia é que os portadores de doenças raras sejam identificados precocemente, no pré-natal ou ainda recém-nascidos, e que recebam o tratamento adequado desde a primeira infância. A política prevê ainda o suporte às famílias dos pacientes com doenças raras.
Já na atenção especializada (Unidades de Atenção Especializada e Reabilitação e centros de referência) será realizado o acompanhamento especializado multidisciplinar e os demais procedimentos dos casos encaminhados pela atenção básica.
Centros de referência
Conforme o texto, cada estado deverá estruturar pelo menos um centro de referência, que deve, na medida do possível, aproveitar a estrutura já existente em universidades e hospitais universitários.
A proposta estabelece ainda que os estabelecimentos de saúde habilitados em apenas um serviço de reabilitação passarão a compor a rede de cuidados à pessoa com doença rara. O objetivo é dar assistências aos pacientes sem tratamento disponível no âmbito do SUS. A ideia é que esses centros possam se articular com a rede do SUS, para acompanhamento compartilhado de casos, quando necessário.
Medicamentos órfãos
A política reconhece o direito de acesso dos pacientes diagnosticados com doenças raras aos cuidados adequados, o que inclui a provisão de medicamentos órfãos (aquele destinado ao diagnóstico, prevenção e tratamento de doença rara). Pelo texto, a necessidade de utilização desses medicamentos órfãos deverá ser determinada pelos centros de referência do SUS e reavaliada a cada seis meses.
Segundo o texto, a incorporação do medicamento órfão pelo SUS deverá ser considerada sob o aspecto da relevância clínica, e não sob o aspecto da relação custo-efetividade. A proposta diz ainda que os medicamentos órfãos destinados ao tratamento de doenças raras terão preferência na análise para concessão de registro sanitário junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e estabelece algumas regras para facilitar esse registro.
Reportagem – Marcello Larcher
Edição – Natalia Doederlein

domingo, 31 de julho de 2016

Leucodistrofias indeterminadas, um novo caso de leucoencefalopatia vacuolizante com megalencefalia


Dentro das doenças da substância branca (SB), as perturbações da mielinização, e dentro destas as leucodistrofias, representam um papel importante no campo da neurologia pediátrica. Embora classicamente tenham sido classificadas segundo o seu defeito metabólico, fosse esse conhecido ou não, na actualidade o grande avanço da neuroimagem esclareceu muitas doenças genéticas que afectam a substância branca, dando origem a novas classificações. Dentro do grupo de etiologia desconhecida são agrupadas as denominadas leucodistrofias indeterminadas (LDI), caracterizadas pelo seu início na infância com curso clínico habitualmente mais moderado, e neuroimagem (tomografia computorizada –CT–, ressonância magnética –RM–) com uma alteração simétrica, bilateral e difusa do sinal da substância branca. O estudo e a investigação dos padrões de RM permitiram isolar duas entidades clínicas novas do grupo das LDI: leucodistrofia com megalencefalia e quistos temporais (Van der Knaap, 1995), para a qual actualmente é preferido o termo de leucoencefalopatia vacuolizante com megalencefalia (VLE), e o síndroma CASH (ataxia infantil com hipomielinização central ou vanishing white matter disease) (Van der Knaap, 1997). Doentes e métodos. Apresentamos uma revisão de nove casos de LDI com uma evolução média de 13 anos, que foram estudados com o protocolo do grupo de trabalho europeu de doenças desmielinizantes (ENBDD), um dos quais cumpre critérios clínicos e radiológicos para o diagnóstico de leucoencefalopatia vacuolizante com megalencefalia: início na primeira infância, macrocefalia, estudo metabólico negativo, evolução moderada e alteração bilateral, simétrica e difusa do sinal da SB, com presença de edema e quistos subcorticais temporais. Conclusão. Comentam-se os artigos mais relevantes e recentemente publicados sobre esta doença.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

BUSCANDO A CURA PARA DOENÇAS RARAS

Um pesquisador TIGEM centro de Nápoles, um dos três que tem a fundação italiana. TELETHON


IRENE HDEZ . VELASCO Nápoles
Atualizado: 2014/05/09 05:10




Por definição , uma doença rara, é um que afecta não mais do que um em cada 2.000 pessoas , ou seja, 0,05 % da população . Enquanto as doenças realmente raros são geralmente bastante inacabado : a maioria é tão raro que normalmente afeta apenas uma em 100.000. Contudo, desde há cerca de 7.000 doenças raras , a grande maioria de tipo genético , esse minúsculo grupo no final é bastante volumoso. Estima-se que o número de pessoas que tiveram doença rara em algum momento de sua vida na Europa equivale a mais de 30 milhões de pessoas.

Eles não só têm de lidar com doenças absolutamente terríveis e quase sempre ignoradas pelas políticas estaduais. Além disso , as empresas farmacêuticas não estão interessadas em financiamento geralmente mostram as pesquisas sobre drogas caro que então será direcionado a um segmento muito restrito da população e cuja comercialização nunca ou quase nunca cobrem seus enormes custos de produção.

Um grupo de italianos afetados pela distrofia muscular, uma daquelas doenças raras terríveis , lançado em 1990 Telethon -presidida por Luca Cordero di Montezemolo , presidente da Ferrari , uma fundação sem fins lucrativos , cujo objetivo é fazer com que através da primeira linha de pesquisa científica, para encontrar uma cura para uma das doenças raras. Os números falam por si: nestes 24 anos Telethon financiado com 394.000.000 € 2.477 projetos de pesquisa relacionados a 449 doenças , os envolvidos 1.547 cientistas que identificaram 25 doenças genéticas raras genes responsáveis ​​e desenvolver 27 estratégias terapêuticas .

"Agora, aqui estudamos 30 doenças genéticas raras ", diz Gratiana Diez- Roux, chefe do departamento científico TIGEM , o maior dos três centros de pesquisa Telethon e está prestes a se mudar para uma nova sede em 4500 metros praça em Nápoles, a cidade está localizada . Aqui 180 pessoas que trabalham para desenvolver novas terapias que visam o tratamento de doenças genéticas raras . E as expectativas são altas.

Agora, por exemplo , os cientistas TIGEM ( as iniciais significam Telethon Instituto de Genética e Medicina) estão colaborando com a Universidade da Pensilvânia e da Universidade de Nápoles, em cerca de ensaios clínicos sendo realizados em os EUA com pacientes por degeneração da retina genética. Estes laboratórios têm desenvolvido um vector viral , um mecanismo que é trazer o gene saudável olho . " Inicialmente injetado em vinte pacientes e logo começou a ver . As primeiras sombras e, em seguida formas " , diz peito para fora Gratiana Diez- Roux. " Todos os estudos pré-clínicos foi realizado aqui , e agora o teste é realizado nos EUA mas em pacientes italianos . "

Também aqui você pode obter a cura para MPS6 , um tipo de doença metabólica causada por um acúmulo de lisonoidal . O lisossoma , de entender, é a forma como as células do incinerador , destruindo o lixo. Se não está funcionando corretamente , o lixo tóxico que se acumula , assim que o jovem , enquanto inicialmente parecia saudável e robusto começam a mostrar sinais da doença. No centro está a desenvolver uma terapia com um vector viral que no início de testes de laboratório tem sido bem sucedida . "Estamos à espera de obter permissão para experimentá-lo em pessoas. Esperamos começar ainda este ano " , diz o chefe do departamento de ciência.

De TIGEM , a terapia genética veio no ano de 2002 foi aplicado pela primeira vez duas meninas afetados por imunodeficiência combinada severa ( SCID - ADA , de acordo com a sua sigla em Inglês) . Pequeno respondeu com sucesso ao tratamento , que em 2005 recebeu a bênção do Food and Drug Administration , a agência dos EUA que é responsável por autorizar terapias. Mais recentemente, em 2013 , eles fundaram a terapia genética para seis crianças com duas doenças raras ( leucodistrofia metacromática e três síndrome de Wiskott -Aldrich ), cujos resultados foram publicados na revista Science.

Este centro de investigação é liderada pelo geneticista Andrea Ballabio , ex- co- diretor do Centro do Genoma Humano do Baylor College of Medicine , em Houston, Texas , um instituto de pesquisa de grande prestígio . Entre outras razões, os elevados critérios de objetivos de controle e conformidade exige que seus cientistas. "O nível é muito alto ", diz Diego Medina , especialista em biologia molecular líder Sevilla TIGEM e sete anos se passaram antes que o EMBL , o Laboratório Europeu de Biologia Molecular , em Roma.

As empresas farmacêuticas sempre foi distinguido, dando volta para doenças genéticas raras . Mas agora mais e estão mais interessados ​​neles. " Eles perceberam que a compreensão das doenças genéticas raras pode aprender os mecanismos biológicos que podem ser extrapolados para outras doenças ", argumenta Diez- Roux.

A prova desta mudança de mentalidade é que TIGEM assinou um par de anos atrás, uma parceria com a Shire Pharmaceutical , em que se compromete a trazer para a mesa 22.000.000 € ao longo de cinco anos para encontrar terapias que tratam doenças genéticas raras . "Precisamos de dinheiro. Mudando de investigação científica para desenvolver um custo muito terapia ", nas palavras do chefe do departamento científico do centro.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Pacientes com doenças raras terão acompanhamento a distância














Ministério da Saúde incluirá na assistência a esses pacientes o acompanhamento por especialistas pela internet, telefone e videoconferência

Ministro da Saúde, Arthur Chioro: medida faz parte da política de atenção às doenças raras, criada no mês passado.

Brasília – O Ministério da Saúde incluirá na assistência a pacientes com doenças raras o acompanhamento por especialistas que atuam nos principais centros de referência do país pela internet, por telefone e por videoconferência. Profissionais de saúde da Atenção Básica vão poder usar a ferramenta Telessaúde, que permite a troca de dados e orientações com especialistas sem sair dos postos de atendimento e em tempo real. Segundo a pasta, a implementação ocorre até o final do primeiro semestre de 2014 e deve auxiliar no conhecimento sobre sinais e sintomas das cerca de 8 mil doenças raras, que afetam aproximadamente 15 milhões de brasileiros.
A medida faz parte da política de atenção às doenças raras, criada no mês passado. Hoje o Telessaúde é usado para auxiliar no atendimento a pacientes com hipertensão, diabetes e outras doenças crônicas. É uma ferramenta que utiliza a internet , telefone e videoconferência como ferramentas para trocar informações entre profissionais a distância. Atualmente, o programa funciona em mais de 3 mil municípios, com mais de 5 mil pontos em todo o país.
Dentro do processo de implementação da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, o Ministério da Saúde publicará nova portaria neste mês que atualiza e define as regras para o aconselhamento genético, que vai poder ser feito por equipe multiprofissional habilitada. Quando se tratar de diagnóstico médico, tratamento clínico e medicamentoso, será obrigatória a presença de um médico geneticista. É obrigatória também a elaboração de laudo pelo profissional que faz o aconselhamento genético e que ele seja anexado ao prontuário do paciente.
Entre as mudanças trazidas pela nova política está a organização da rede de atendimento para diagnóstico e tratamento para as doenças raras, que passam a ser estruturadas em eixos e classificados de acordo com suas características. Também foram incorporados 15 novos exames de diagnóstico em doenças raras, além da oferta do aconselhamento genético no Sistema Único de Saúde (SUS) e o repasse de recursos para custeio das equipes de saúde dos serviços especializados. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, existem mais de 240 serviços para promover ações de diagnóstico e assistência completa, com a oferta de tratamento adequado e internação nos casos recomendados

domingo, 2 de março de 2014

Doenças raras atingem mais de meio bilhão de pessoas

 

                    

dna raras geneImagine percorrer mais de dez médicos em busca de um diagnóstico e ao final da jornada ouvir que seu filho é portador de uma doença rara. Mais: que as opções de tratamento são escassas, ou até mesmo nulas. Não se engane pela designação de “raras”. Cerca de 13 milhões de brasileiros sofrem de alguma delas. Somente no estado de São Paulo são 2,5 milhões. No mundo, esse número pula para 560 milhões de pessoas, segundo pesquisa recente da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa).
“Rara” se aplica às doenças com cinco casos diagnosticados para cada grupo de 10 mil habitantes. Cerca de 80% delas são de origem genética, o restante engloba tipos raros de tumor ou alterações imunológicas e reumatológicas.
A idade dos progenitores é um dos fatores que pode estar relacionada ao aparecimento de enfermidades raras. “A mulher nasce com o número de óvulos para a vida toda, ao contrário dos homens, que criam novos espermatozoides a cada três, quatro dias. Uma mulher de 40 anos tem óvulos de 40 anos. Isso a deixa mais suscetível a alterações cromossômicas ou erros de divisão nos cromossomos”, complementa Lourenço.
Se um casal nessas condições deseja ter filhos, o ideal é que seja indicado um exame pré-natal invasivo pelo qual se colhe o líquido amniótico. A amostra é encaminhada para uma análise de genética molecular e podem ser detectados problemas antecipadamente.
Diagnóstico tardio
Um dos grandes problemas em relação às doenças raras é o diagnóstico tardio e a grande quantidade de enfermidades descritas: 7 a 8 mil.
Segundo o médico João Gabriel Daher, especialista titular de doenças raras do Ministério da Saúde, muitas enfermidades começam a apresentar sintomas tardiamente. “Por isso, é extremamente comum os pais falarem que, quando pequenos, os filhos pareciam ‘normais’”.
Ainda assim, algumas características podem ajudar na hora do diagnóstico. Fique atento, por exemplo, se a criança costuma ser muito “molinha”, demora mais para sentar, caminhar ou demonstra atraso marcante para começar a falar.
raras-box
A falta de especialistas e centros dedicados agrava os obstáculos na busca por diagnóstico e muitos testes, inclusive, precisam ser enviados ao exterior. “Temos 156 médicos geneticistas no Brasil, sendo que a OMS preconiza um para cada 100 mil habitantes. Há uma defasagem de cerca de 3 mil geneticistas. Se na região Sudeste há falta de especialistas, imagine nas outras regiões do país”, afirma Daher.
Na opinião de Charles Lourenço, médicos que não são especialistas em genética não têm obrigação de fazer o diagnóstico, mas devem pelo menos orientar as famílias sobre a possibilidade de nascimento de um filho com o mesmo problema nas próximas gestações. Na prática, nem isso acontece.
Patrícia de Carvalho, de Poço Fundo, Minas Gerais, é mãe de Pâmela, de oito anos. O primeiro sinal que chamou a atenção foi a demora para começar a sentar e falar. Os primeiros pediatras consultados diziam: “Calma, mãe! Isso é normal”. Mas o tempo foi passando e os problemas se agravando. Ainda assim, os médicos começaram a suspeitar de alguma paralisia cerebral, não de doença genética.
“Levamos três anos entre idas e vindas a diversos especialistas, até que encontramos a equipe do doutor Charles, que começou a investigar a parte genética. O exame foi mandado para a Suíça, porque aqui eles não tinham como descobrir, e aí sim confirmaram o diagnóstico. Nunca tinha ouvido falar em deficiência de BH4 na vida”, diz a mãe.
Enquanto corria de médico em médico, Patrícia engravidou novamente. Pâmela tinha cinco anos quando nasceu Natália, com a mesma doença. Ambas foram diagnosticadas quando tinham oito e três anos, respectivamente.
A deficiência de BH4 pode causar retardo mental e atraso do desenvolvimento da criança. Há um caso a cada milhão de nascidos vivos.
Apesar de não ter cura, a associação de alguns medicamentos pode fazer com que a doença não evolua. O problema é que eles são importados e o SUS (Sistema Único de Saúde) não os disponibiliza. “É um remédio de alto custo, quase R$ 30 mil uma quantidade que dura um mês. E o uso deve ser contínuo”, afirma Patrícia.
A família teve que entrar na Justiça para conseguir o remédio. Desde 2008 as irmãs fazem o uso do medicamento, que deve ser complementado com fisioterapia, hidroterapia e terapia funcional, procedimentos oferecidos pela prefeitura.
“Elas estão respondendo bem à medicação. Pâmela começou o tratamento com dez anos, a Natália com cinco. Natália, por ser mais nova e ter iniciado o tratamento mais cedo, consegue fazer pequenos movimentos com as mãos. Ela não fala, mas emite sons que conseguimos entender. É um progresso. Cada uma no seu ritmo”, diz Patrícia.
Medicamentos X SUS
Quando existe tratamento farmacológico, a solução para praticamente a maioria dos portadores de doenças raras é entrar na Justiça com uma ação contra o Estado. Entretanto, o processo é longo e pode demorar até oito meses para ser concluído, já que existem remédios que não são nem registrados na Anvisa e necessitam de protocolos específicos para serem importados. Ainda assim, depois de seis meses o paciente muitas vezes tem que acionar a Justiça novamente para continuar recebendo o medicamento.
CHARLES
Dr. Charles Lourenço diz: ” O SUS já se esforça para tentar fornecer o básico, mas a genética é um pouco mais que o básico”.
Segundo os último levantamento da Interfama, somente em 2011 o Ministério da Saúde desembolsou R$167 milhões para atender a 433 ações judiciais que determinavam a compra de medicamentos para enfermidades raras.
“A judicialização da medicina não é boa para o paciente, que sofre com a espera, nem para o Estado, que precisa comprar o medicamento imediatamente para não receber uma multa. Então ele acaba comprando pelo preço normal, não consegue negociar”, explica Lourenço.
Em tese, o SUS só fornece tratamento para dois tipos de raras: osteogênese imperfeita (doença dos ossos de vidro), que apresenta a fragilidade óssea como principal manifestação clínica, e doença de Gaucher, mal em que restos de células envelhecidas se acumulam sobre órgãos como fígado, baço e medula óssea, causando fadiga, sangramentos e desconforto abdominal.
Mas há uma perspectiva de melhora nesse cenário. Em 12/02/2014, o Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União uma portaria que cria a Política Nacional de atenção integral aos portadores de distúrbios raros. O SUS deverá incorporar 15 novos exames de diagnóstico e credenciar hospitais e instituições para atendimento de pacientes portadores dessas enfermidades.
“Podemos dizer que agora o Brasil está começando a se preocupar com essa questão, coisa que Estados Unidos, Japão e Europa vêm fazendo desde 1983. Acredito que a partir de agora haverá uma estruturação dos serviços e, de acordo com a demanda, serão solicitados protocolos para a incorporação de novos medicamentos e serviços”, prevê o médico João Gabriel.
Sem resposta
MARIANNA
Marianna com a mãe Gabriela. Doença da menina ainda é incógnita para os médicos. Foto: Yrê Sales
Gabriela Mendes é mãe de Marianna, de seis anos. Ela já perdeu as contas de quantos médicos já procurou a fim de conseguir uma explicação para o problema da filha, e até hoje pairam dúvidas. Os médicos suspeitam que seja uma doença genética denominada miopatia mitocondrial, distúrbio que afeta as mitocôndrias, “fábricas de energia” presentes em quase todas as nossas células.
A queixa mais comum de portadores desse mal é fadiga muscular diante de pequenos esforços, além de dificuldade para respirar. Por causa da perda de força muscular que acomete alguns pacientes, muitos necessitam de cadeiras de rodas para se locomoverem.
“Ela já fez biópsia muscular, que é uma forma de diagnóstico, mas não deu em nada. Então, os médicos acharam que, talvez, aquele músculo não tenha sido atingido pelo distúrbio. O próximo passo é realizar um sequenciamento do exoma, que vai analisar o DNA dela e descobrir quais são as deficiências genéticas. É a nossa esperança”, diz a mãe.
“O exame custa aproximadamente R$12 mil. Nós vamos tentar pelo plano, mas se não der certo vamos ter que conseguir pela Justiça, mesmo”, conta Gabriela.
Ela relata ainda que há dois anos iniciou pela internet uma campanha denominada “Vai pra China, Marianna”. A ideia era angariar fundos para que a menina pudesse fazer um tratamento à base de células-tronco no Oriente. Em agosto de 2012, porém, a mãe decidiu abolir o plano, pois pacientes que fizeram traqueostomia não são aceitos. Outro fator que a fez mudar de ideia é que a terapia é completamente experimental e não há garantia de melhoras. “Nenhum médico com que conversei apoiou esse tipo de tratamento, pois os resultados não são comprovados cientificamente”.
Enquanto o diagnóstico não vem, a solução é cuidar dos sintomas. Marianna faz diariamente sessões de fisioterapia, fono e terapia ocupacional. “Por mais que as pessoas de fora encarem isso como um sofrimento, eu digo que é uma experiência única. Eu sou muito grata por tê-la em minha vida e por tudo o que ela vem recebendo”, diz Gabriela.
Apoio aos portadores de raras
Quem tem um filho diagnosticado com alguma doença rara costuma dizer que sente uma grande solidão. Os próprios familiares acabam se afastando, já que não sabem como ajudar, há pouquíssimas informações disponíveis sobre a doença e nem os médicos sabem explicar direito o que é aquela enfermidade.
Marília Castelo Branco, aos 39 anos, teve um filho diagnosticado com Síndrome de Edwards, erro genético que consiste na trissomia do cromossomo 18, ou seja, o indivíduo nasce com três cópias do cromossomo 18, ao invés de duas. A doença acomete diversos órgãos, principalmente o coração, além de provocar nascimento prematuro e com baixo peso.
A percepção de que havia algo errado, nesse caso, não demorou. Logo depois do parto ela notou que o filho não chorou e que a equipe médica o levou para uma sala assim que nasceu. Foi feito um exame de cariótipo e o laudo saiu rápido. Naquele momento, os médicos deram somente 30 dias de vida para Thales, mas ele acabou vivendo um ano e cinco meses na UTI de um Hospital de Ribeirão Preto.
“Essa situação que passamos é totalmente fora do padrão. Ninguém sabe explicar direito o que está acontecendo. Você fica desamparada”, desabafa Marília.
Para amenizar a angústia, ela conta que criou uma comunidade no Orkut e a partir daí começou a conhecer dezenas de pessoas que tinham alguém na família com a Síndrome de Edwards. A página foi crescendo e o número de participantes chegou a 2 mil, até que Marília resolveu criar uma associação, com sede em Ribeirão Preto: a Síndrome do Amor.
“Nosso objetivo é dar carinho, apoio e amor a essa famílias. Compartilhei o que aprendi com a doença do Thales e decidi ajudar os outros. É uma maneira de mostrar que eles não estão sozinhos e que dá para encarar a doença por outro viés”.
Atualmente, a entidade possui 600 famílias cadastradas. Ela promove parcerias com hotéis de Ribeirão para que as famílias que vêm dos mais diversos lugares possam ficar instaladas, já que o Hospital das Clínicas da cidade é referência em doenças genéticas.
DUDU
Regina Próspero com seu filho Dudu. Ele é portador da Mucopolissacaridose.
Foto: Arquivo Pessoal
A história de Regina Próspero é parecida. Ela teve dois filhos acometidos pela síndrome de Hunter (Mucopolissacaridose [MPS]) do tipo 6, enfermidade metabólica crônica e progressiva, que afeta quase exclusivamente os meninos.
A síndrome prejudica diversos órgãos e algumas das características notáveis são hérnia umbilical (causa fraqueza do tecido abdominal próximo à região do umbigo), nariz largo, além de dimorfismo facial.
Um dos filhos, Niltinho, morreu aos seis anos, vítima da doença. Já Dudu tem hoje 24 e completou recentemente a faculdade de Direito. Tamanha diferença no curso da doença não é questão de sorte.
Em 2001, a família descobriu que um laboratório nos Estados Unidos estava recrutando pacientes para testar um remédio para MPS. Após diversas triagens, Dudu foi selecionado e um dos primeiros a receber o medicamento. “Era a única coisa que podia salvá-lo. Ele só está vivo por causa deste tratamento. Quando ele começou, era cadeirante, não conseguia nem respirar direito. Hoje se locomove sem nenhum aparelho. Um ano depois, ele também deixou de ser surdo”, relembra a mãe.
O tratamento é eficiente para os tipos 1, 2 e 6 dos sete catalogados. Desde 2003 o medicamento já está disponível em território brasileiro, mas, como para tantos outros portadores de doenças raras, ergue-se novamente o mesmo desafio: é necessário entrar na Justiça para consegui-lo.
Com o intuito de orientar os familiares em relação aos direitos que os filhos possuem sendo portadores de MPS, Regina criou a Associação Paulista de Mucopolissacaridose e Doenças Raras. Segundo informações da entidade, no Brasil existem 750 pacientes vivos diagnosticados com MPS e cerca de 500 estão em tratamento.
“Eu conheci a MPS quando ainda não havia tratamento e, infelizmente, o óbito era precoce. A medicação mudou esse panorama e agora nós temos novos desafios, porque os portadores estão chegando a uma idade que não chegavam antes”, afirma Lourenço.
Apesar do Brasil ainda estar caminhando nesse quesito de raras, o médico sempre procura dizer para as famílias que possuem um ente com algum distúrbio o seguinte: “Hoje nós não temos um medicamento específico. Mas daqui a cinco, oito anos, isso pode mudar”.
Em comparação com a grande quantidade de enfermidades raras, os estudos sobre cada uma delas ainda são poucos.  Portanto, àqueles que conseguem o diagnostico, a principal dica é procurar associações como as citadas, pois elas podem ajudar a cortar um longo caminho de aprendizado sobre como lidar com o problema.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

NOS (Not Otherwise Specified), que significa 'Sem Outras Especificações

É emocionante o depoimento do apresentador Marcos Mion, e semelhante a nossas histórias, mas o que mais importa acima de tudo é o amor maior, amor que cuida, amor que ensina, amor que aprende e só quem conhece e vive com esse amor de uma criança "rara" sabe o verdadeiro significado significado.
Shara

Marcos Mion faz homenagem ao filho no Facebook Marcos Mion faz homenagem ao filho no Facebook
 

Marcos Mion usou seu perfil do Facebook nesta quarta-feira (22) para falar que o filho mais velho, Romeo, de 8 anos, é uma criança especial. Segundo o apresentador, o menino possui dificuldades de desenvolvimento. Mion chegou a procurar médicos nos Estados Unidos para saber o diagnóstico do filho, no entanto não obteve resultado.
"Todos especialistas dizem que ele não é autista, não é asperger, enfim, que ele não é nada além de uma criança que se encaixa na sigla NOS (Not Otherwise Specified), que significa 'Sem Outras Especificações', mas que faz parte do spectrum autista", escreveu o apresentador.
Para Mion, o fato de não haver um diagnóstico preciso transforma Romeo em uma criança singular. "Ele pode ser ele. Com todo seu potencial, seu jeito único, suas características, vitórias e limitações, e não o que um especialista determine que ele seja. O diagnóstico é a maneira mais eficaz de limitar alguém, de não ver sua beleza e singularidade. Qualquer criança que pertence ao spectrum, seja qual for a especificação, tem uma luz única, diferente e seu caminho é ilimitado", opinou.
Ele ainda fez um apelo aos pais para que sempre estimulem seus filhos especiais, lhes dando apoio e amor. "Romeo vive uma vida normal, na escola, nas atividades, com família e amigos e é amado por todos que o cercam", finalizou.
 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Cientistas fazem novo mapeamento genético do autismo

 

  • Pesquisadores conseguiram definir onde exatamente no cérebro e quando durante o seu período de desenvolvimento ocorrem mutações relacionadas com o transtorno



SÃO FRANCISCO (EUA) - Uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia São Francisco, nos Estados Unidos, identificou exatamente onde e como ocorrem mutações no cérebro que levam ao aparecimento do autismo. Eles conseguiram mapear a região do cérebro e o período do desenvolvimento do órgão em que este processo acontece e publicaram a descoberta na revista “Cell”.
Projetos de sequenciamento genético vêm revelando que existem centenas de genes associados ao autismo. Na nova pesquisa, um mapeamento da expressão genética focou em apenas nove genes, mais fortemente ligados ao transtorno. Eles notaram que este conjunto de genes contribuiu para anormalidades em células cerebrais conhecidas como neurônios corticais, localizadas na camada mais profunda do córtex pré-frontal, durante o desenvolvimento do feto.
- Isto sugere fortemente que, embora existam centenas de genes de risco de autismo, o número de mecanismos biológicos subjacentes é muito menor. Esta é uma pista muito importante para o avanço da medicina de precisão para o autismo e para o desenvolvimento de terapias personalizadas - disse disse Matthew State, presidente do Departamento de Psiquiatria da universidade e especialista na genética dos transtornos do desenvolvimento neurológico.
O transtorno do espectro autista tem forte componente genético, é marcado por deficiências na interação social e no desenvolvimento da linguagem, por comportamentos repetitivos e interesses restritos. Ele é extremamente complexo, com uma grande variedade de sintomas e graus de gravidade.
E, pelo que cientistas vêm notando, parece não resultar de pequenas mutações compartilhadas entre todos os indivíduos afetados. Ao contrário, os novos métodos de sequenciamento mostram que pode existir uma combinação de mutações raras e espontâneas com fatores genéticos ou não que causam o espectro.
De acordo com algumas estimativas, mutações em mais de mil genes podem desempenhar um papel. State ressalta que a complexa arquitetura genética do espectro é desafiadora:
- Se existem mil genes que podem contribuir para o risco em diferentes graus e que cada um tem múltiplas funções, não é fácil definir o que realmente está relacionado com o autismo. Mas sem isto, é muito difícil pensar em novas e melhores terapias.
No estudo, a equipe selecionou “sementes” dos nove genes e usou dados do atlas digital BrainSpan, que mostra como e onde os genes são expressos no cérebro humano durante a vida. Os autores conseguiram então provar que as mutações ocorriam nos neurônios corticais, encontrados nas camadas cinco e seis do córtex pré-frontal, entre dez e 24 semanas depois da concepção.
- Pela primeira vez, foi possível ter uma ideia forte sobre quando e onde no cérebro é que devemos observar genes específicos e mutações específicas - disse Jeremy Willsey, coordenador do estudo.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A partir do dia 2 de janeiro de 2014, os planos de saúde serão obrigados a bancar exames de alta complexidade para o rastreamento de 29 doenças genéticas.

ANS amplia cobertura nacional de exames genéticos

  • Planos terão que pagar por análises preventivas de doenças hereditárias

Testes genéticos. A partir de 2014, planos de saúde terão que cobrir exames para determinar 29 doenças hereditárias
Foto: Douglas C. Pizac / AP
Testes genéticos. A partir de 2014, planos de saúde terão que cobrir exames para determinar 29 doenças hereditárias Douglas C. Pizac / AP
- A partir do dia 2 de janeiro de 2014, os planos de saúde serão obrigados a bancar exames de alta complexidade para o rastreamento de 29 doenças genéticas. A recomendação já existia, porém sem normas claras, o que gerava ambiguidade e demora na aprovação. Com a publicação das diretrizes de utilização pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), realizada ontem, especialistas afirmam que os trâmites serão mais rápidos e os benefícios, maiores.
- É um grande ganho, pois até então tinha uma recomendação muito genérica - afirma Helio Torres Filho, integrante da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e diretor médico do laboratório Richet. - Agora eles criaram regras para essa cobertura determinando para quais pacientes ela será oferecida.
Na lista dos exames, aquele que determina alterações genéticas que podem levar aos cânceres hereditários de mama, para homens e mulheres, e ovário, em grupos de alto risco (pessoas que têm vários casos na família) é o mais comemorado. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a doença matou 52.680 mulheres somente em 2012.
A análise dos genes BRCA1 e BRCA2 ficou famosa após a atriz Angelina Jolie realizar uma mastectomia dupla para a retirada das mamas. Casos como o de Angelina, em que mãe e tia morreram em decorrência da doença, terão cobertura obrigatória pelo plano.
- Uma mulher sem nenhum fator de risco tem cerca de 12% de chance de desenvolver câncer de mama ao longo da vida. Se ela pertence a uma família portadora da mutação genética, a chance aumenta para 80% até os 60 anos - explica Mauro Zukin, diretor técnico do Grupo COI, Clínicas Oncológicas Integradas. - Isso não é uma sentença de morte, ao contrário, é uma sentença de vida, pois agora vamos ter mais chance de acompanhar esses casos de uma maneira mais eficaz.
A medida pode acabar barateando os exames genéticos, que são muito mais caros no país pela necessidade de importar reagentes e equipamentos com alta tributação. Com a maior procura pelas análises, especialistas afirmam que os custos devem cair. Para se ter uma ideia, o exame que identifica mutações no BRCA1 e BRCA2 custa R$ 9 mil no Brasil, enquanto sai por US$ 3 mil nos Estados Unidos.
Outras doenças hereditárias, como as raras adrenoleucodistria - que atinge as glândulas adrenais, o sistemas nervoso e os testículos -, e a ataxia de Friedreich, que pode causar dificuldades no equilíbrio e falta de coordenação, também terão exames cobertos.
- São doenças que podem se manifestar ao longo da vida e não vai mudar muito para o paciente saber que possui esse cromossomo alterado, pois a doença não tem cura e ainda pode deixar o paciente com depressão - analisa Roni Zanenga, geneticista do laboratório Carlos Chagas. - Mas, mesmo assim, o exame pode ser benéfico pois poderia impedir um casal de passar o gene para os seus filhos, por exemplo. É uma discussão que tem que ser feita.
Para requerer o exame, o segurado deverá receber a indicação de um médico para que procure um geneticista. De acordo com a norma publicada pela ANS, é somente o geneticista quem poderá pedir o exame, após confirmação de necessidade e verificação de enquadramento nas diretrizes da agência (detalhadas no quadro ao lado).
- É muito importante que um geneticista peça o exame para que não vire moda e não sobrecarregue os convênios - ressalta Zanenga. - Além disso, é fundamental que este profissional seja responsável pelo diagnóstico, pois se o médico não tiver experiência, não saberá interpretar os resultados.
Escassez de geneticistas
Apesar da obrigatoriedade, a falta de profissionais de genética pode colocar em risco a abrangência da medida.
- Existem poucos geneticistas e a maioria não tem convênio com planos de saúde - afirma Christian Domenge, diretor científico do Hospital 9 de Julho. - Além disso, os reembolsos são muito difíceis de se conseguir. Eu acredito que essa medida terá de ser revista.
Segundo Karla Coelho, gerente de Assistência à Saúde da ANS, todos os planos devem disponibilizar geneticistas:
- O segurado deve ligar para a operadora e pedir indicação de especialista. Se não tiver na rede, pode pedir reembolso. Caso tenha dificuldade, reclamações devem ser feitas no telefone 0800 7019656 ou por meio do site www.ans.gov.br/faleconosco.
Em nota, a Abramge (Associação dos Planos de Saúde) afirmou que a medida será objeto de “avaliação atuarial para cálculo das mensalidades, que poderão ser reajustadas".
Veja a lista completa de doenças e os critérios para a solicitação dos exames no site da ANS.

 


MLC1 e Glial-Cam




Megaencefalia com Encefalopatia com cistos subcorticais MLC1, cistos esses existentes desde o principio e geralmente bem localizados subcorticais, muito confundida com Mielina Evanescente também descrita pela Dra Van der Knaap, alguns casos muito raros pode ter macrocefalia e associada com ataxia é uma doença lentamente progressiva, podendo apresentar cistos tardio.

Na  Megaencefalia recentemente descobriu-se mutações em dois genes MLC1 e Glial- Cam , sendo que no Glial- Cam  tem o padrão similar a MLC1 com duas formas de herança, sendo a primeira recessiva ( uma forma de mutação do pai e uma forma de mutação da mãe ) ou a forma dominante ( mutação do pai ou da mãe ) possivelmente um deles pode ter a macrocefalia. Na forma dominante geralmente o resultado da ressonância magnética melhora  chegando até a normalizar-se.  

Por isso no início a Glial-Cam é igual a MLC1 e quando há  apenas uma  mutação obtem -se melhora, já com as duas formas de mutação geralmente o quadro é mais crônico , mas não progressivo sendo esse o diferencial.

A MLC1 foi a primeira grande descoberta em 1995  pela Dra Van der Knaap que recentemente veio a descobrir que na verdade não é um gene de  mielina como todos imaginavam e sim um gene que regula a entrada de água no cérebro, por isso há impressão de edema cerebral nas ressonâncias.
Estuda-se num mecanismo de modulação de sódio ( ou água ) no cérebro

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Descrição de Leucodistrofia

Leucodistrofia é uma alteração na substância branca do

cérebro com obstrução de mielina ou com a mielina alterada, é

um subgrupo das Leucoencefalopatias.

Leucoencefalopatia é um termo mais amplo, é qualquer

alteração na substância branca do cérebro, como doença de

Canavan, Alexander, MLC1 e outras nunca descritas.


Um dos tipos mais conhecido de Leucodistrofia é a  ADL

Se você assistiu ao filme O Óleo de Lorenzo provavelmente já conhece um pouco sobre os problemas causados pela leucodistrofia, distúrbio genético que causa a destruição da bainha de mielina – película que protege os nervos e permite os impulsos nervosos. No longa-metragem, lançado em 1992 e inspirado em fatos reais, o garoto Lorenzo sofre com adrenoleucodistrofia (também conhecida como ADL), uma leucodistrofia que atinge aproximadamente 1 em cada 50.000 indivíduos. Apesar do óleo apresentado no longa ajudar a adiar ou reduzir os efeitos da doença, não existe ainda um tratamento definitivo para as leucodistrofias e estudos estão sendo conduzidos atualmente para entender melhor suas causas. Entre os sintomas da doença estão problemas de percepção, disfunção adrenal, perda da memória, da visão, da audição, da fala, deficiência de movimentos e demência.
 
 

Novas esperanças em reverter ou interromper o processo em muitas Leucodistrofias

 " Marjo van der Knaap , MD , Ph.D.,

 ( Centro Universitário VU Medical , Amsterdam , Holanda) discutiram o mais recente
entendimento de doenças que afetam edema da substância branca do cérebro . Estes incluem subgrupos de doenças que alteram hipomielinizante difusão da água dentro de astrócitos levando a inchaço celular, formação de mielina vacúolo e macrocefalia . Alguns pacientes têm tremor , ataxia e distonia , mas não mostram a deterioração esperado ao longo do tempo . Em MLC , há evidências de difusão de água anormal na ressonância magnética , e os pacientes apresentam . Estudos recentes indicam que a proteína MLC1 interage com duas outras proteínas ( glialcam e CLCN2 ) em endfeet astrócitos , que é importante para a actividade normal do canal de cloreto . Mutações nos genes para estas proteínas resulta em acumulação perturbado água em mielina , macrocefalia , atraso no desenvolvimento , convulsões e outros sintomas . Alguns pacientes com MLC tipo II pode até mostrar um fenótipo melhorar ao longo do tempo . No geral, novo entendimento nas causas de regulação da água no cérebro pode trazer idéias sobre maneiras de reverter ou interromper o processo em muitos dos leukodystrophies caracterizadas por edema da substância branca do cérebro "

http://ulf.org/wp-content/uploads/2011/08/ULF-Fall-Winter-2013-2014-Newsletter.pdf



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Lançamento livro Doenças Raras de A a Z

 
Doenças Raras de A-Z é o nome do livro que acaba de ser lançado no XXV Congresso Brasileiro de Genética Médica pela APMPS (Associação Paulista de Mucopolisacaridose). A publicação disponibiliza informação sobre doenças consideradas raras e que atingem cerca de 13 milhões de brasileiros, segundo estudo dados da INTERFARMA.
Segundo informações da APMPS, grande parte das doenças raras são patologias de origem genética e não possuem protocolo para diagnóstico e tratamento pelo SUS e o livro vem para responder a uma demanda da sociedade civil e comunidade médica por mais informações sobre o assunto. Ele tem como objetivo disponibilizar informações válidas para a comunidade médica e sensibilizar os tomadores de decisões e formuladores de políticas públicas sobre a importância do tema. Como objetivos de longo prazo, os autores da publicação esperam que os brasileiros passem a ter acesso ao diagnóstico e ao tratamento dessas doenças.
A elaboração da obra envolveu mais de 60 especialistas de diferentes áreas e foi coordenada pelo médico geneticista Charles Marques Lourenço da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto e teve o prólogo dedicado pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “Com certeza, essa publicação vem para ajudar milhares de famílias que sofrem com a falta de diagnósticos e informação sobre as doenças de seus filhos e familiares”, diz Lourenço.
“Esta obra foi feita com muita dedicação e carinho por especialistas nas patologias, para poder levar a informação todos os que dela precisam. É um marco no seara das doenças raras. E também só o começo”, diz a fundadora e Presidente da APMPS, Regina Prospero.
O livro trás detalhes sobre cada doença, informações sobre sintomas, casos de pacientes e os principais tratamentos e diagnósticos e será distribuído gratuitamente pela APMPS.
 
Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail apmps@apmps.org.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. .


 
Confira as doenças que estão no livro:
Acromegalia
Anomalias da Diferenciação Sexual
Ataxia Telangiectasia
Bannayan-Riley-Ruvalcaba
Biotinidase
Chédiak-Higashi
Cornélia de Lange
Costello
Deleção do braço curto do cromossomo 5
DiGeorge
Dravet 32
Espinha Bífida
Ehlers-Danlos
Fabry
Fenilcetonúria
Fibrodisplasia Ossificante Progressiva
Gaucher
Granulomatosa Crônica
Hemoglobinúria Paroxística Noturna
Hipocalémia Hipertensiva Recessiva
Huntington
Ictiose Lamelar
Imunodefi ciências Primárias
Insensibilidade congênita à dor
Jarcho-Levin
Jeune
Joubert
Kabuki
Kawasaki
Klinefelter
Lowe
Machado-Joseph
Marateaux-Lamy
Marfan
Mielofi brose Primária
Morquio
Mucopolissacaridoses
Niemann-Pick tipo C
Noonan
Osteogénese Imperfeita
Osteopetrose
Opitz G/BBB
Paramiloidose
Polineuropatias Imunomediadas
Pompe
Porfíria Eritropoiética Congênita
Querubismo
Rett
Retinoblastoma Hereditário
Rubinstein Taybi
Síndrome Hemolítico Urêmica Atípica
Smith-Lemli-Opitz
Smith Magenis
Tirosinemia tipo I
Unverricht-Lundborg
Usher
Von Hippel-Lindau
West
Williams
Wolf-Hirschhorn
Xantomatose Cerebrotendínea
X Frágil
XYY
Young-Simpson
Yunis Varon
Zellweger
Zimmermann-Laband
 
 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Novos casos suspeitos de Síndrome de Van der Knaap

A família " Van der Knnap " está aumentando...
Em pensar que lá atrás em 2006 achávamos que estávamos só...
E devagarinho foi surgindo um anjinho e mais outro e mais outro ... e hoje já são 13 anjinhos sendo 07 anjinhos no Brasil ( Pedro, A...
ugusto, Kessinho, Miguel, Caio, Bethania e Julianne ) ; 02 anjinhas na Colômbia; 1 anjinho no Chile  01 anjinho em Portugal e 02 anjinhos no Texas.
Insisto em dizer que não é uma mera coincidência, se Deus nos colocou no mesmo caminho é porque temos uma missão muito importante a cumprir e essa missão já está tendo uma dimensão a nível mundial.
O que eu mais desejo é que mesmo com distância possamos nos unir cada vez mais, nas dificuldades, nas vitórias e nas conquistas.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Síndrome de Van der Knaap

Em 1995, a Dra. Marjo Van der Knaap e sua equipe, descreveram pela primeira vez uma síndrome caracterizada pela presença de leucoencefalopatia e megalencefalia.
Com imagens características através da ressonância nuclear magnética (RNM), estudos mais aprofundados da nova enfermidade foram propostos pelos autores, assim ...como os critérios para diagnóstico.
A princípio, acreditava-se que a doença tinha por característica o aparecimento de sintomatologia nos primeiros anos de vida. Contudo, acompanhando os artigos médicos disponibilizados recentemente, observamos não podemos estabelecer com precisão este dado. Assim, os sintomas podem variar, como variam os tipos de mutação genética que a doença apresenta.
Que temos ciência, no Brasil, não foram contabilizados mais de dez casos. Com relatos provenientes de Índia, Tunísia, Turquia, Israel, Japão, EUA, China, entre outros países, podemos considerar que existam em torno de cem casos registrados pela literatura médica ao redor do mundo.
Acreditamos que, em função da especificidade do processo de diagnóstico e da dificuldade do acesso à Ressonância Magnética em algumas regiões, assim como a variação do quadro de sintomas, podem existir muitos outros portadores em condição de sub-diagnóstico.
O nome científico dado à síndrome é LEUCOENCEFALOPATIA MEGALENCEFÁLICA. Dentro desta denominação existem variações genéticas:
• Leucoencefalopatia Megalencefálica com Cistos Subcorticais
• Leucoencefalopatia Megalencefálica com Substância Branca Evanescente e Cistos Subcorticais
• Ataxia da infância com Hipomielinização Central
• Síndrome de Van der Knaap Tipo II GLIAL CAM
A Síndrome de Van der Knaap é uma doença provavelmente autossômica recessiva (é caracterizada por atingir homens e mulheres na mesma proporção e induzida pelo gene recessivo originado do cruzamento genético dos pais do indivíduo).
A doença ataca principalmente uma parte do axônio, chamada bainha da mielina. Esta parte do axônio envolve os tratos nervosos no Sistema Nervoso Central e Periférico, constituída de camadas biomoleculares de lipídeos intercaladas com proteínas.
A mutação genética, que desencadeia a doença cria um processo no qual ocorre uma degeneração progressiva da bainha da mielina.
O grande questionamento que temos acompanhado nas pesquisas ao redor do mundo é: os portadores nascem com a mielina insuficiente, ela se degenera com o tempo, ou existe alguma ineficiência nos processos de alimentação celular a nível neuronal? Esta é uma das grandes incógnitas ainda a ser identificada na doença.
Outros sintomas neurológicos desencadeados são:
Aumento da substância branca (parte do cérebro constituída pelas fibras nervosas e por células da glia. Estas fibras são cobertas por mielina, um material lipídico brancacento); compressão da substância cinzenta (substância constituída pelos corpos celulares dos neurônios e suas células de sustentação "células da glia". É cinzenta por conter muitas células e pouca mielina); possível aparecimento de cistos.
SINTOMAS
As características e sintomas podem variar de acordo com o portador e o tipo de Leucoencefalopatia. A título de informação citaremos alguns dos sintomas mais característicos:
1 - Macrocefalia ou aumento do perímetro cefálico PC (crânio aumentado, mas não é uma regra);
2 - Desenvolvimento psicomotor inicial normal ou moderadamente afetado;
3 - Aparecimento na infância de episódios de deterioração neurológica ou curso crônico progressivo. Esta deterioração pode ser precedida por quadro infeccioso ou por traumatismo cranioencefálico moderado;
4 - Presença de quadro neurológico caracterizado por sinais piramidais, ataxia cerebelar (perda da coordenação motora), atrofia óptica (dificuldade ou perda da visão), epilepsia e preservação das funções mentais;
5 - Envolvimento simétrico da substância branca dos hemisférios cerebrais os quais apresentam à RNM sinal semelhante ao líquido céfalorraquidiano (LCR ou Líquor, é um fluido corporal estéril e de aparência clara que ocupa o espaço subaracnóideo no cérebro), bem como atrofia cerebelar com envolvimento primário do vermis (parte mediana do cerebelo que faz saliência na face superior do órgão, entre os dois hemisférios "vérmis superior", e que se aprofunda na grande fenda mediana do cerebelo na face inferior "vérmis inferior").
A idade não foi usada como critério diagnóstico, porque estudos realizados com relação à variação fenotípica da doença demonstraram não haver relação entre a idade de inicio do aparecimento dos sintomas e a evolução.
Depois dos trabalhos iniciais, vários autores têm relatado a ocorrência desta nova enfermidade na literatura pertinente. Por se tratar de enfermidade que apresenta diferentes alterações reveladas pela RNM, trabalhos recentes têm procurado abolir a denominação de Síndrome de Van der Knaap, para referir uma nomenclatura baseada nos achados neurorradiológicos: Leucoencefalopatia Megalencefálica com Cistos Subcorticais ou Leucoencefalopatia Megalencefálica com Substância Branca Evanescente (alternativamente chamada de Ataxiada da Infância com Hipomielinização Central).
Os sintomas acima citados são primários, visto que cada caso concreto pode desencadear ainda outras ocorrências, comuns a todos os casos ou singulares a somente um portador.
No fórum existe um volume de informações biomédicas bem mais detalhado. O perfil no Facebook", SINDROME DE VAN DER KNAAP", são ferramentas através das quais partilhamos vivências e dividimos informações novas. Acesse essas ferramentas e cadastre-se.
O intuito deste trabalho é esclarecer as famílias que lidam com a doença e procuram apoio, tendo também o caráter informativo que visa mobilizar mídia, e profissionais da área biomédica . visitem também o site : http://www.sindromedevanderknaap.com.br/

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Ministério da Saúde promete lançar em outubro política nacional para pessoa com doença rara


A semelhança entre os principais obstáculos enfrentados por pessoas com doenças raras — diagnóstico lento, dificuldade de acesso a tratamento e medicamentos, falta de protocolos de tratamento no SUS — faz com que a reivindicação das associações de pacientes seja a criação de uma política nacional, que ofereça cuidado integral aos pacientes e famílias. Neste domingo, o EXTRA começou a publicar uma série de reportagens sobre a história desses pacientes.
— Ouvimos os pacientes, familiares e associações e vamos criar um grupo de trabalho para formatar a política. O atendimento será multiprofissional, com tratamento e reabilitação do paciente — promete José Eduardo Fogolin, coordenador de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde.
O próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comprometeu-se no ano passado, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, a lançá-la em 2013. O governo planeja publicar em outubro a portaria que vai instituir a política nacional.
De acordo com Fogolin, caberá à atenção básica investigar e acolher o paciente com doença rara e encaminhá-lo para centros de referência quando necessário. O governo quer integrar o tratamento com as redes Cegonha, o que permitiria o diagnóstico precoce, e a Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência, que ajudaria na reabilitação física. O governo deve ainda incluir mais protocolos e exames no SUS:
— O lançamento da política nacional deve incentivar a formação de geneticistas.
Pacientes e médicos prometem manter a fiscalização e a cobrança sobre o governo. Lembram bem que, apesar de o governo ter publicado a Política Nacional de Atenção em Genética Clínica em janeiro de 2009, poucas daquelas ações saíram do papel.
 


domingo, 14 de julho de 2013

12 coisas para ensinar a seus filhos sobre crianças com deficiência

Amanda, sentada num banco de parque, gritando, com os braços para o alto. Foto de Paula Moreira.
Amanda, sentada num banco de parque, gritando, com os braços para o alto. Foto de Paula Moreira.
O melhor presente que eu poderia ganhar nesse dia das mães vem de outras mães e pais. Ensinem seus filhos a ver a deficiência da minha filha como algo natural. Isso pode ser um presente pra você e para o seu filho também.
Infelizmente, como a autora do artigo abaixo, cresci numa sociedade em que as pessoas com deficiência ainda ficavam presas em casa ou em instituições. As poucas crianças com que tive contato eram  como ETs e meus pais nunca falaram sobre esse assunto comigo.
Hoje sou mãe da Amanda, de 8 anos, que tem síndrome de Down.
Felizmente o mundo está mudando e se tornando um lugar para todos. Aproveite essa oportunidade e fale mais com o seu filho sobre o coleguinha com deficiência da escola dele, aproxime-se e estimule a amizade deles. Você vai ver que todo mundo sai ganhando com isso.
Patricia Almeida
Inclusive – Inclusão e Cidadania

12 coisas para ensinar a seus filhos sobre crianças com deficiência
Eu cresci sem conhecer nenhuma outra criança com deficiência além do Adam, um visitante frequente do resort ao qual nossas famílias iam todos os verões. Ele tinha deficiência intelectual. As crianças zombavam dele. Fico envergonhada de admitir que eu zombei também; meus pais não faziam idéia. Eles eram pais maravilhosos, mas nunca pensaram em ter uma conversa comigo sobre crianças com deficiência.
E, então, eu tive meu filho Max; ele teve um AVC no nascimento que levou à paralisia cerebral. De repente, eu tinha uma criança para quem outras crianças olhavam e cochichavam a respeito. E eu desejei tanto que seus pais falassem com elas sobre crianças com deficiência.
Já que ninguém recebe um “manual de instrução sobre paternidade”, algumas vezes, pais e mães não sabem muito o que dizer. Eu entendo perfeitamente; se eu não tivesse um filho com deficiência, eu também me sentiria meio perdida. Então, eu procurei mães de crianças com autismo, paralisia cerebral, síndrome de Down e ocorrências genéticas para ouvir o que elas gostariam que os pais e mães ensinassem a seus filhos sobre os nossos filhos. Considere como um guia, não a bíblia!
1) Pra começar, não tenha pena de mim
“Sim, algumas vezes, eu tenho um trabalhão — mas minha vida não é nenhuma tragédia. Meu filho é um menino brilhante, engraçado e incrível que me traz muita alegria e que me enlouquece às vezes. Você sabe, como qualquer criança. Se você tiver pena de mim, seu filho vai ter também. Aja como você agiria perto de qualquer outro pai ou mãe. Aja como você agiria perto de qualquer criança.”
Ellen Seidman, do blog “Love That Max”; mãe do Max, que tem paralisia cerebral

2) Ensine seus filhos a não sentir pena dos nossos
“Quando a Darsie vê crianças (e adultos!) olhando e encarando, ela fica incomodada. Minha filha não se sente mal por ser quem ela é. Ela não se importa com o aparelho em seu pé. Ela não tem pena de si mesma. Ela é uma ótima garota que adora tudo, de cavalos a livros. Ela é uma criança que quer ser tratada como qualquer outra criança—independente dela mancar. Nossa família celebra as diferenças ao invés de lamentá-las, então nós te convidamos a fazer o mesmo.”
Shannon Wells, do blog “Cerebral Palsy Baby”; mãe da Darsie, que tem paralisia cerebral

3) Use o que eles tem em comum
“Vai chegar uma hora em que o seu filhinho vai começar a te fazer perguntas sobre por que a cor de uma pessoa é aquela, ou por que aquele homem é tão grande, ou aquela moça é tão pequena. Quando você estiver explicando a ele que todas as pessoas são diferentes e que nós não somos todos feitos do mesmo jeito, mencione pessoas com deficiências. Mas tenha o cuidado de falar sobre as similaridades também—que uma criança na cadeira de rodas também gosta de ouvir música, e ver TV, e de se divertir, e de fazer amigos. Ensine aos seus filhos que as crianças com deficiência são mais parecidas com eles do que são diferentes.”
Michelle, do blog “Big Blueberry Eyes”; mãe da Kayla, que tem Síndrome de Down

4) Ensine as crianças a entender que há várias formas de se expressar
“Meu filho Bejjamin faz barulhos altos e bem agudos quando ele está animado. Algumas vezes, ele pula pra cima e pra baixo e sacode os braços também. Diga aos seus filhos que a razão pela qual crianças com autismo ou com outras necessidades especiais fazem isso é porque elas tem dificuldades pra falar, e é assim que elas se expressam quando estão felizes, frustradas ou, algumas vezes, até mesmo por alguma coisa que estão sentindo em seus corpos. Quando Benjamim faz barulhos, isso pode chamar a atenção, especialmente se estamos em um restaurante ou cinema. Então, é importante saber que ele não pode, sempre, evitar isso. E que isso é, normalmente, um sinal de que ele está se divertindo.”
Jana Banin, do blog “I Hate Your Kids (And Other Things Autism Parents Won’t Say Out Loud)”; mãe de Benjamin, que é autista

5) Saiba que fazer amizade com uma criança especial é bom para as duas crianças
“Em 2000, quando meu filho foi diagnosticado com autismo, eu tive muita dificuldade em arrumar amiguinhos para brincar com ele. Vários pais se assustaram, a maior parte por medo e desconhecimento. Fiquei sabendo que uma mãe tinha medo do autismo do meu filho ser “contagioso”. Ui. Treze anos mais tarde, sou tão abençoada por ter por perto várias famílias que acolheram meu filho de uma forma que foi tão benéfica para o seu desenvolvimento social. Fico arrepiada só de pensar nisso. A melhor coisa que já ouvi de uma mãe foi o quanto a amizade com o meu filho foi importante para o filho dela! Que a sua proximidade com o RJ fez dele uma pessoa melhor! Foi uma coisa tão bonita de se dizer. Quando tivemos o diagnóstico, ouvimos que ele nunca teria amigos. Os amigos que ele tem, agora, adorariam discordar. Foram os pais deles que facilitaram essa amizade e, por isso, serei eternamente grata.”
Holly Robinson Peete, fundadora (com o marido Rodney Peete) da Hollyrod Roundation; mãe do RJ, que é autista (é ele, na foto abaixo, com sua irmã Ryan)

6) Encoraje seu filho a dizer “oi”
“Se você pegar seu filho olhando pro meu, não fique chateada — você só deve se preocupar se ele estiver sendo rude, mas crianças costumar reparar umas nas outras. Sim, apontar, obviamente, não é super educado, e se seu filho apontar para uma criança com deficiência, você deve dizer a ele que isso é indelicado. Mas quando você vir seu filho olhando para o meu, diga a ele que a melhor coisa a fazer é sorrir pra ele ou dizer “oi”. Se você quiser ir mais fundo no assunto, diga a ele que crianças com necessidades especiais nem sempre respondem da forma como a gente espera, mas, ainda assim, é importante tratá-las como tratamos as outras pessoas.”
Katy Monot, do blog “Bird On The Street”; mãe do Charlie, que tem paralisia cerebral.

7) Encoraje as crianças a continuar falando
“As crianças sempre se perguntam se o Norrin pode falar, especialmente quando ele faz seu “barulhinho alto característico”. Explique ao seu filho que é normal se aproximar de outra criança que soa um pouco diferente. Algumas crianças podem não conseguir responder tão rápido, mas isso não significa que elas não têm nada a dizer. Peça ao seu filho para pensar no seu filme favorito, lugar ou livro—há grandes chances da outra criança gostar disso também. E a única forma dele descobrir isso é perguntando, da mesma forma que faria com qualquer outra criança.”
Lisa Quinones-Fontanez, do blog “Autism Wonderland”; mãe do Norrin, que é autista

8) Dê explicações simples
“Algumas vezes, eu penso que nós, pais, tendemos a complicar as coisas. Usando algo que seus filhos já conhecem, que faça sentido pra eles, você faz com que a “necessidade especial” se torne algo pessoal e fácil de entender. Eu captei isso uns anos atrás, quando meu priminho me perguntou “por que o William se comunicava de forma tão diferente dele e de seus irmãos”. Quando eu respondi que ele simplesmente nasceu assim, a resposta dele pegou no ponto: “Ah, assim como eu nasci com alergias”. Ele sabia como era viver com algo que se tem e gerenciar para viver diariamente. Se eu tivesse dito a ele que os músculos da boca de William tem dificuldade em formar palavras, o conceito teria se perdido na cabeça dele. Mas alergia fazia sentido pra ele. Simplicidade é a chave.”
Kimberly Easterling, do blog “Driving With No Hands”; mãe do William e da Mary, ambos com Síndrome de Down

9) Ensine respeito às crianças com seus próprios atos
“Crianças aprendem mais com suas ações que com suas palavras. Diga “oi” para a minha filha. Não tenha medo ou fique nervosa perto dela. Nós realmente não somos tão diferentes de vocês. Trate minha filha como trataria qualquer outra criança (e ganhe um bônus se fizer um comentário sobre o lindo cabelo dela!). Se tiver uma pergunta, faça. Fale para o seu filho sobre como todo mundo é bom em coisas diferentes, e como todo mundo tem dificuldades a trabalhar. Se todo o resto falhar, cite a frase do irmão de Addison: “bem, todo mundo é diferente!”.”
Debbie Smith, do blog “Finding Normal”; mãe de Addison, que tem Trissomia 9

10) Ajude as crianças a ver que, mesmo crianças que não falam, entendem
“Nós estávamos andando pelo playground e a coleguinha da minha filha não parava de encarar o meu filho, que é autista e tem paralisia cerebral. Minha filha chamou a atenção da colega rapidinho: “Você pode dizer “oi” pro meu irmão, sabe? Só porque ele não fala, não significa que ele não ouve você”. Jack não costuma falar muito, mas ele ouve tudo ao redor dele. Ensine aos seus filhos que eles devem sempre assumir que crianças com deficiência entendem o que está sendo dito, mesmo sem poderem falar. É por isso que eles não vão dizer “o que ele tem de errado?”, mas poderão até dizer “Como vai?”.”
Jennifer Byde Myers, dos blogs “Into The Woods” e “The Thinking Person’s Guide To Autism”; mãe do Jack, que tem autismo e paralisia cerebral.

11) Inicie uma conversa
“Nós estávamos no Museu das Crianças e um garotinho não parava de olhar para Charlie com seu andandor, e a mãe dele sussurrou em seu ouvido para não encarar porque isso era indelicado. Ao invés disso, eu adoraria que ela tivesse dito “esse é um andador muito interessante, você gostaria de perguntar ao garotinho e à sua mãe mais a respeito dele?”.”
Sarah Myers, do blog “Sarah & Joe (And Charlie Too!)”; mãe do Charlie, que tem paralisia cerebral

12) Não se preocupe com o constrangimento
“Vamos combinar de não entrar em pânico caso seu filho diga algo embaraçoso. Você sabe, tipo se nós estivermos na fila do Starbucks e o seu filho olhar para a Maya e pra mim e disser algo como “Eca! Por que ela está babando?” ou “Você é mais gorda que a minha mãe”. Embora esses não sejam exemplos de início de conversas ideais, eles mostram que o seu filho está interessado e curioso o suficiente para fazer contato e perguntar. Por favor, não gagueje um “mil desculpas” e arraste seu filho pra longe. Vá em frente e diga baixinho o pedido de desculpas, se você quiser, mas deixe-me aproveitar a oportunidade: vou explicar a parte da baba e apresentar Maya e contar da paixão dela por crocodilos, e você pode ser a coadjuvante no processo, dizendo “lembra quando nós vimos crocodilos no zoológico?” ou coisa parecida. Quando chegarmos ao caixa, o constrangimento vai ter passado, Maya terá curtido conhecer alguém novo, e eu terei esperanças de que seu filho conseguiu ver Maya como uma criança divertida, ao invés de uma “criança que baba”. (E eu irei simplesmente fingir que não ouvi a parte do “mais gorda que a minha mãe”).”
Dana Nieder, do blog “Uncommon Sense”; mãe da Maya, que tem uma síndrome genética não diagnosticada

Traduzido por Andréa Werner, do blog “Lagarta Vira Pupa“, com revisão de Patricia Almeida
Por Ellen Seidman, do blog “Love That Max